sábado, 10 de outubro de 2009
Balada Santa
Na noite todos se encontram. Há baladas para todos os gostos, para o pessoal que gosta de sentar e conversar ao som de uma música ambiente nos barzinhos, para os elétricos que adoram passar a noite sentindo as batidas da música eletrônica, para os que arrastam o pé no forró rasgado, para os que gostam de swingueira e até de rock pesado. É! A balada é o principal ponto de encontro dos jovens na atualidade e, observando o fato, os seguimentos religiosos entraram na onda e passaram a preparar festas voltadas para esse público. As Baladas Santas, como ficaram conhecidas, possuem quase todas as características das festas convencionais, música, muita bebida, dança e gente bonita. Entretanto a música - de todos os ritmos - tem enfoque religioso, a bebida é sem álcool,a dança não possui sensualidade e as pessoas vão em busca de uma nova forma de ter intimidade com Deus. “Lá comecei a acreditar que a felicidade que sempre busquei fora encontrei dentro de mim, em Jesus. Cada vez que saio da balada santa volto com meu coração queimando, sabendo que não nasci a toa, que posso ajudar as pessoas, que tenho muito mais valor do que a sociedade me dá”, afirma a paulista Priscila Vidal, 25 anos. O diferencial dessa balada esta causando seu crescimento, a passos lentos, mas a cada fim de semana novos jovens são apresentados a ela. “Sofremos uma concorrência desleal com as baladas convencionais, elas têm a divulgação da mídia, fácil acesso. Diferente de nós que trabalhamos duro para evangelizar através das festas” afirma Sérgio Maranhão, psicólogo que trabalha voluntariamente no setor de comunicação social da renovação carismática da Arquidiocese de Olinda e Recife. Esse seguimento sofre crítica, sendo questionado se seus encontros tiram o foco da religiosidade. “Nessas festas os jovens vão em busca de uma diversão, da mesma forma eles podem migrar para outro seguimento não religioso porque é uma alegria efêmera que não faz ele questionar, buscar a essência da fé”, afirma Felipe Sodré, filosofo, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco. A crítica de Sodré é válida, pois as baladas santas, de fato, são mais um ponto de encontro para jovens que buscam uma diversão sadia. Muitos dos que estão ali apesar de sentirem algo diferente, especial, pode nunca mais tornar a viver experiências religiosas. A balada é apenas um chamado, é algo para despertar a atenção dos jovens, para que eles percebam que, contrário ao do que a maioria da pessoas pensam, existe muita alegria nas festas religiosas e a juventude cristã não é morta e, apesar de não ingerirem álcool e beijaram várias pessoas numa noite, ela se diverte como qualquer um dessa faixa etária. Depois de conhecerem a balada é importante que os jovens sejam encaminhados para outros seguimentos da igreja para, assim, terem uma maior vivência religiosa.Para divulgar a maneira cristã de vida e diversão, as igrejas investem em todas as formas de divulgação, sendo a internet é o principal canal de ligação com a juventude. É crescente a quantidade de comunidades no Orkut onde os integrantes trocam idéias sobre as experiências vividas na igreja, crescem também os blogs religiosos, Twitter e as rádios on-line com programação gospel. “Temos que chamar a atenção de todas as formas. Se eles gostam de Twitter, Messenger vamos estar lá utilizando esses veículos para divulgar o evangelho”, afirma Sérgio Maranhão. De fato a internet contribuiu bastante com a propagação dessa maneira de vida, através dela grupos conhecidos na comunidade cristã chegaram aos ouvidos do grande público, como foi o caso da banda católica Rosa de Saron, que apesar dos 20 anos de carreira, só atingiu maior público a cerca de dois anos com o advento do Youtube. Através dela pessoas que nunca participaram de nenhuma atividade religiosa puderam ver como funciona um show cristão. “Foi incrível ver aquela multidão pulando como loucos sem ter no corpo o efeito de nenhuma droga, sem machucar o próximo. Vi que o pessoal era animado e que não era algo comum, como estava acostumado a ver”, relata o estudante Benjamim Soares, 22 anos, sobre seu primeiro contato com festa religiosa. As razões que envolveram Benjamim encantaram outros jovens. Esses chegaram a Balada Santa com um conceito, muitas vezes distorcidos, sobre a festa e acabaram adotando essa forma de diversão como primordial para seus momentos de lazer e hoje buscam viver de acordo com as normas cristãs sem deixar de aproveitar as alegrias dessa fase de suas vidas.
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